terça-feira, 21 de outubro de 2008

Breve relato da passagem de uma Miss.

Centro da cidade em Miss afeita, Anhangabaú à Luz.



Mulher que deixa transparecer suas curvaturas, em muito maquiada, peruca loira, com faixa de miss. Causa desconfiança. Causa desprezo. As outras mulheres olham de cima abaixo, comparam-se a mais primeira vista, espelho de diferenças. O homem, o homem já encaminha pensares luxuriosos noturnos.

Das falas que se escutam, passando-se depois que ela passa... "vadia" "onde já se viu miss perder a pose" "maquiada assim, é prostituta"...

Momento de choque quando ela senta e tira a meia calça. O sapato de salto havia quebrado e o chão molhado, ensopava a meia. Todos recriminam um tanto.

"Deve de ser doida".



Na luz, eis que um homem, que só é homem por assim ter nascido, corre a Miss e já tira os sapatos, mãos dadas vão os dois caminhando pelo jardim. Ele ri alto e os dois dançam, "você é linda, um luxo", ela espelhando nele sua alma toda femina brilhante... Apresenta-a aos homens que acha bonito, ela talvez os conquiste e ele, através dela...



Aos poucos dissolvendo-se o tudo, banheiro da luz, a Miss volta a sua face mais transparente.

Fica-nos... a mulher, parece, precisa mesmo, como sua função primeira ser atraente... mas não demais, nunca demais. E está sempre sendo avaliada, qual em prova constante, devendo ser agradável, devendo ocultar suas potências, cuidando de nunca aparecer o selvagem.