sexta-feira, 3 de julho de 2009

O Cego Estrelinho

Estar cego diante da rua. Menos eficiente, abrindo aos outros sentidos e não se importando com o reconhecimento. Que a rua me veja como for, já que eu não vejo como ela me vê.
O Cego Estrelinho, em análogo àquele espaço... fantasia contra brutalidade... fantasia e fuga do real apenas pela droga... a pedra que avança da rua Helvétia.
Difícil descrever a trajetória de montagem desse conto. Grácia Navarro nos conduzindo a lidar com as palavras e com a construção da história e nós nos deparando com a experiência de cegar-se e com performances vendadas que nos fragilizaram e fortaleceram ao ponto do não domínio da situação... Santa Cecília se abre a outros olhares... e nós, aos poucos, tentamos transferir todo o nosso ensaio à rua, abolindo a sala de ensaio, buscando entender aos poucos no que implica o processo aberto... e no que implica, abrir-se ao afetar-se para a rua, para que daí venha o estado criativo.
Nesse conto, percebemos, a ficção já coabita com o real. a verdade é que inexiste o estado de normalidade. a rua é insana... e não há como fazer um fantástico abstrato, mas, ao contrário, oq se encontra são os possíveis análogos daquele espaço... oq Santa Cecília grita que se destaca do comum... e nós, ali, procuramos salientar esse descolamento, para que os sentidos se desviem para olhá-lo, e possam pressentir a irrealidade da vida comum.

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